Algo de errado não esta certo!
Historicamente o dia 08 de março sempre foi uma data muito significativa para todos, o dia de celebrar as mulheres, as guerreiras incondicionais, os seres que pensam e agem com emoção, aquelas que tanto embelezam o mundo.
A data movimentava o comércio. As panelas bonitas, os enfeites desnecessários para a casa e os pijamas de flores e bolinhas ainda são reservados para o dia das mães, mas as flores, bombons e cartões nunca eram esquecidos.
Com o passar dos anos entendemos que o 08 de marco esta muito mais relacionado com a forma como somos tratadas todos os dias do ano, do que especificadamente com mimos em um único dia.
E, a partir do momento que nossas reivindicações passaram a ser IGUALDADE e RESPEITO mudamos de posição. Agora, na visão oposta, somos as loucas, as metidas, as desocupadas, as desentendidas, as libertinas e as destruidoras do lar e da família.
Assim, o mês de março, como um todo, é um marco na luta feminista, fomenta o debate, as rodas de conversas e nos traz uma profunda reflexão sobre o espaço que ocupamos e onde queremos chegar.
E para os desavisados, eu digo feminismo como um movimento de amor, de acolhimento, um espaço onde mulheres podem discutir formas de alcançar direitos que por séculos foram renegados.
Infelizmente, em pleno 2022, encerramos o mês de março de forma cruel, um show de mídia sobre o relato sexual de um homem pobre de caráter e a exposição vergonhosa da vulnerabilidade de uma mulher.
Não pretendo me ater aqui as condições peculiares do caso: ela rica e ele um morador de rua, ele preto e ela branca, casados ou solteiros, doente ou não.
Mas quando foi que a intimidade de uma mulher virou palco para julgamentos, memes, musica e vídeos ridículos em rede nacional?
Que capítulo eu perdi desta história?
O mais perplexo ainda é notar que muitos assistem a tudo isso e conseguem rir!
Não é piada, não tem graça, é humilhante, é nojento, é a violação do corpo da mulher e a degradação da sua história.
Alguém já parou para pensar o que estão fazendo com a vida dessa mulher e o que isso representa para todas nós? E se fosse ao contrário, teria tanta repercussão?
É homens, vocês estão de parabéns, este realmente é o seu espaço dominante de fala: desvalorizar a mulher.
Os machistas de plantão encontraram agora o mais perfeito porta voz!
E para os doutores da internet, os mestres de lei do Facebook e os formados no Instagram, que expõem com tanta ferocidade seus julgamentos a mulher envolvida no caso e querem normalizar essa conduta masculina, só tenho uma coisa a dizer: a palavra correta é mendigo não “mendingo".
Denise Pedroso Zilch
Advogada