EVASÃO ESCOLAR: JOVENS NEGROS SÃO MAIS DE 71% DA POPULAÇÃO AFETADA PELO ABANDONO DA ESCOLA

A presença de professores negros nas salas de aula seria uma das fortes tentativas de diminuição da evasão escolar negra.

EVASÃO ESCOLAR: JOVENS NEGROS SÃO MAIS DE 71% DA POPULAÇÃO AFETADA PELO ABANDONO DA ESCOLA

Não é de hoje que debatemos o abandono dos alunos da vida estudantil, principalmente quando estes são sujeitos negros. A evasão escolar no Brasil, é mais um dos índices negativos encabeçados pela população negra.

De acordo com os últimos estudos realizados no país sobre o tema, os jovens negros lideram a evasão escolar, representando mais de 71%. O problema da retirada ou não permanência do negro na escola é uma das consequências diretas da violência do racismo sofrida por estes dentro do ambiente de aprendizagem.

Assim como o racismo é um problema universal, a evasão escolar também é. Nos EUA um professor negro criou um programa no qual incentiva outros homens negros a tornarem-se professores e através da presença negra na figura da autoridade dentro da sala, incentiva os alunos a continuarem estudando e progredindo. Os dados apontam que os homens negros são os que mais sofrem na pele essas dificuldades de acesso e permanência nesses espaços:

“Você vê a diferença de oportunidades quando observa quem acessa instituições públicas de ensino, como as universidades federais”, diz. “São alunos de escolas particulares, geralmente de zonas mais nobres, e que não tiveram interrupção nesse processo. Mas, na política genocida, você não vê homens negros nessa proporção. Por quê? Se eles ainda não foram presos, estão mortos.”, destaca Mônica.

Uma reportagem do portal "Favela em Pauta", em conversa com a militante sempre à frente no debate antirracista e educadora social Mônica Cunha, destaca que cada estudante negro e morador de favela carrega dificuldades que ultrapassam somente a compreensão dos estudos – ou seja, se a entrada no ensino básico e superior é problemática, a permanência é muito mais. Ela também acentua que as políticas públicas deveriam ser inclusivas, sim, mas ao invés disso temos um desamparo programado por questões raciais.

“Hoje, ao ver uma criança negra na rua ou trabalhando em semáforos, as pessoas julgam como normal. Ao ver uma criança branca nas mesmas condições, o cenário muda”, acrescenta.

Evasão escolar
• Os jovens negros de 14 a 29 anos são maioria nas estatísticas de evasão escolar no ensino básico
• Eles somam 71,7% dos alunos que abandonam os estudos
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad/2019)

As dificuldades encontradas no percurso do mundo do ensino perpassam uma série de problemas que tornam cada vez mais voraz o desafio da permanência. São dificuldades de deslocamento até a escola, necessidade de complementar a renda familiar, muitas coisas levam alunos a abandonar os estudos. Além disso, a situação que o país enfrentou com a pandemia de Covid-19 e o uso do ensino remoto em algumas instituições, a dificuldade de acesso à internet e a falta de equipamentos também levantaram fortes barreiras.

A questão é que 2022 recém está começando seu ano escolar, e por todos os cantos já podem ser ouvido alunos reclamando sobre a solidão na escola onde não encontram seus  pares em outros alunos e tão pouco nos professores, encontram ambiente e pessoas racistas e instituições incapaes de uma tomada ativa de decisões. Esse será mais uma ano de altas estatísticas sobre evasão escolar negra onde visualizamos calmamente e imóveis o futuro de tantos jovens serem destruídos, ou tentaremos combater este que, assim como tantos outros problemas, estão ao acesso de nossas mãos? Fica a reflexão...

Thayane Madruga 

Jornalista e Criadora do "Projeto Narrativas Negras "