MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIAS: A CIÊNCIA NA ATUALIDADE

MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIAS: A CIÊNCIA NA ATUALIDADE

Nos últimos 2 anos a humanidade presenciou um evento marcante que, de forma inequívoca, provocou um repensar no campo social, cultural, político, educacional, econômico e científico. A pandemia provocada pelo Novo Coronavírus, atrelado aos movimentos contrários a ciência, uso de Fake News, negacionismo e pseudociência confundiram grande parte da população, principalmente as que não tiveram acesso ao conhecimento científico. Analisando de forma breve alguns fatos e fatores, cabe destacar o teor hegemônico instaurado – de forma tendenciosa e excludente – que potencializa as desigualdades sociais e fortalece o abismo de classe. Aqui cabe reportar ao autor Ulrich Beck que comenta que vivemos em uma sociedade de risco, entretanto, os pobres sempre vão ser os mais atingidos (BECK, 1992).


A pandemia que até hoje enfrentamos traz consigo dilemas e inquietações que precisam ser discutidos, sobretudo, quando elencamos as desigualdades sociais, as políticas públicas de silenciamento, a fome, miséria, precarização do trabalho e a desvalorização da pessoa humana. É neste contexto de reavaliar as questões sociais, educacionais, ambientais e políticas que se estrutura este texto, visando alertar a população da importância do conhecimento científico e do diálogo crítico com os diferentes espaços e segmentos da sociedade. Quando se pensa em ciência, geralmente vem à tona a ideia de resposta a todos os problemas, porém, isso de fato não é verdade. A ciência é um caminho para se discutir com a comunidade, atores sociais, movimentos de lutas e resistências as prerrogativas para a obtenção de melhorias na qualidade de vida e de bem-estar coletivo.


O diálogo com os diferentes saberes e lócus sociais permeiam caminhos para se pensar em ações coletivas, bem como movimentos e militâncias que fortalecem as inter-relações entre sujeitos, buscando mitigar casos de alienação social e ideológica que tanto impera no âmago da sociedade. Destarte, a luta pelo direito a educação, saúde, ambiente, moradia, respeito as diferenças é uma constância, haja vista que há grupos tendenciosos que almejam o silenciamento, exclusão e a marginalização social, com ênfase nos mais pobres que não reconhecem os seus direitos.


É nesta vertente de resistência e diálogo crítico que se busca uma sociedade que reconheça suas potencialidades, que acredita na mudança e no respeito ao próximo para uma (con)vivência harmônica. Mesmo tendo teor utópico este posicionamento, é a partir de um desejo quase impossível que possamos fazer o possível. A expressão diálogo crítico utilizada neste texto, refere-se ao ato de reconhecer que a partir de uma conversa, pode-se (des)construir pensamentos e reavaliar posicionamentos, porém, cada um deve estar aberto a novas compreensões e reflexões.
Posto isso, enfatizo aqui a importância dos professores como atores sociais na contemporaneidade que mesmo com a desvalorização do magistério, da precarização/terceirização do trabalho, falta de formação continuada condizente com a realidade escolar, pouca infraestrutura nas escolas, ainda acreditam na mudança! O papel da escola e do professor hoje vai muito além de ensinar conhecimentos científicos, visto que cada estudante apresenta uma realidade e isso precisa ser levado em consideração quando se discute aspectos socioeducacionais, culturais e científicos. Neste texto (in)conclusivo, saliento a necessidade de articulação entre as Instituições de Ensino Superior com a comunidade em seu entorno, desenvolvendo projetos de ensino, pesquisa e extensão que possam fortalecer a sociedade quanto os seus direitos e deveres, diminuindo casos de alienação e dominação social.

Dieison Prestes da Silveira
Doutorando em Educação em Ciências e em Matemática pela Universidade Federal do Paraná