ORIGEM DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER: DESCONSTRUINDO A IMAGEM DO “SEXO FRÁGIL”

ORIGEM DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER: DESCONSTRUINDO A IMAGEM DO “SEXO FRÁGIL”

A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou o ano de 1975 como o “Ano Internacional da Mulher”, e, foi a partir desse momento que 8 de março foi oficializado. Mesmo em dias atuais para entender esse andamento importante e fundamental na linha do tempo histórica, existem alguns textos que podem ser meras especulações no que tange a homenagem para todas as mulheres do mundo. Permanece durante séculos, uma primeira versão  em que no dia 8 de março de 1857, morreram 129 operárias carbonizadas em um incêndio ocorrido nas instalações de uma fábrica têxtil na cidade de Nova York, há relatos que o proprietário provocou a queima do estabelecimento, impedindo as mulheres de sair, pois estavam reivindicando melhores salários através de uma paralisação. Muitos autores não aceitam essa informação descrevendo que pelas pesquisas, nem greve existiu nesse período. 


No entanto, existe outra história onde houve realmente um incêndio em Nova York, no dia 25 de março de 1911 na indústria Triangle Shirtwaist Company e vitimou 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens, sendo a maioria dos mortos judeus. Por essa afirmativa contento provas documentais que é considerada um dos marcos para a consignação do Dia Internacional das Mulheres. 


O que sabemos também é que as mobilizações por direitos iguais principalmente por melhores condições de trabalho em prol das mulheres, vem de períodos anteriores, tanto é que em 1910 na cidade de Copenhague, adveio o II Congresso Internacional de Mulheres feministas, onde esse termo era algo novo na sociedade. Durante esse episódio, Clara Zetkin, membro do Partido Comunista Alemão, apoiou a concepção de um Dia Internacional da Mulher, sem uma data determinada. Zetkin como agente participativa no que se tratava de movimentos que garantissem o direito das mulheres no âmbito trabalhista, lutou intensamente para que seu projeto pudesse defender que o movimento operário pudesse dar maior zelo à causa das mulheres trabalhadoras, e, principalmente pela igualdade de gêneros.
Grandes pensadores feministas, não obstante, asseguram que a primeira versão mundialmente exposta de maneira sinistra em que mulheres pereceram de maneira inerte enquanto trabalhavam, perde de certa maneira o verdadeiro significado da história de ação e mobilização das mulheres proletárias do final do século XIX, onde reivindicavam em desfavor de governos e chefes com severidades patriarcais extremas, bem como por melhores categorias de trabalho.


A historiografia de peso que trata da luta por direitos justos e humanos em favor das mulheres, traz a importância em 8 de março de março de 1917 onde cerca de 90 mil trabalhadoras russas andaram incansavelmente nas calçadas, protestando por qualidade de trabalho e de vida, ao mesmo tempo que se manifestavam contra as ações do Czar Nicolau II. Durante esse evento deu origem ao Dia Internacional da Mulher que ficou conhecido também como "Pão e Paz". Isso porque as manifestantes também lutaram contra as dificuldades decorrentes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).


Nesse contexto, é de suma importância que haja um recorte no significado da palavra feminismo, que acaba por vezes ganhando uma definição e práticas irreais na atualidade. Desde a revolução industrial é que historicamente se sabe, que as mulheres saíram de sua zona de conforto bem como seu núcleo familiar para trabalhar fora em outras funções que eram conhecidas por serem masculinas. Ocorre que, as condições de trabalho e direitos eram impossíveis de aceitar, pois já sabemos que as mulheres enfrentavam condições insalubres no local de trabalho. Se antes, já existia o machismo dentro de casa, tipo, não podendo sequer escolher por procriar, usar roupas a não ser vestidos ou saias, ir fazer compras sem ter a companhia de um homem ou até mesmo votar. A situação a partir daquele momento, era ter um enfrentamento também com o patrão e os colegas homens que dificilmente respeitavam e aceitavam a figura feminina no local de trabalho.
Através de muitas lutas, com o olhar feminista e feminino com alguns direitos conquistados através de batalhas diárias, o que compreendemos é que nós somos incansáveis e viramos super mulheres quando vamos para o fronte para defender nossos filhos e nossos direitos sagrados. Independente de cor, credo ou raça.


Jaqueline Maria dos Santos 
Historiadora e pesquisadora social
Ijuí, 17 de março de 2022